Livro objeto, e mensagem em garrafa.

Curso de Literatura – Secult/Funceb/Mec  ***** 4º módulo – A Palavra é Risco          Prof. Karina Rabinovitz

Centro de Cultura de Porto Seguro ***** Outubro de 2013

Criações, textos e fotos de José Édson de Vasconcelos.

Roda mundo.

Título de minha mensagem em garrafa

DISTRIBUIÇÃO

de paz e de pão

Curso Lit - Livro aberto

Sanduíche aberto

PAZ E PÃO

 

Não entendo

quem diz

que é feliz

e nada faz senão

apropriar-se das

riquezas do irmão.

Curso Lit - Livro fechado

Sanduíche Ouro de Tolo

ALIMENTO

 

Sustento

do corpo,

do pensamento,

da alma,

da calma.    

O QUE É O DINHEIRO

 

Vil metal!

Serve ao bem e ao mal.

Objeto de troca.

Sozinho,

não tem relevância.

Objeto de ganância.

Pode até curar doenças.

É o senhor das existências.

        Tristes aparências!   

Laura Bertelli (produtora e articuladora local do curso)  e Karina Rabinovitz (professora do 4º módulo - A PALAVRA É RISCO).

Laura Bertelli (produtora e articuladora local do curso)
e Karina Rabinovitz (professora do 4º módulo – A PALAVRA É RISCO).

Porto Seguro busca consolidar sua participação no Sistema Nacional de Cultura

Imagem

Na última sexta-feira, 03/05/2013, houve uma reunião na Secretaria do Turismo e da Cultura de Porto Seguro para tratar da Lei Municipal 1034, de 14/12/2012. Esta lei dispõe sobre o Sistema Municipal de Cultura, envolvendo a constituição do Fundo Municipal de Cultura e do Conselho Municipal de Cultura.
 
A reunião aconteceu por iniciativa de Míriam, coordenadora do Centro de Cultura. Ela foi acompanhada por João Henriques e eu, convidados de última hora. Lá encontramos o Cabo Cidadão, que também participou como membro do Fórum dos Agentes, Empreendedores e Gestores Culturais de Porto Seguro. Representando a Prefeitura participaram o Diretor de Captação de Cultura e Turismo, Eráclito Santana, e Laércio, o Carioca.
 
Ficou estabelecido que nas próximas duas semanas haverão mais 4 reuniões para tratar do tema, incluindo a realização de um seminário ainda neste mês de maio, com palestrantes que já tiveram êxito na formatação de conselhos e de fundos municipais de cultura em seus municípios. Nem as 4 reuniões nem o seminário tiveram datas marcadas.
 
Está mantido o convite de Míriam, a pedido da Secretaria Estadual de Cultura, para a reunião do dia 16/05, quinta-feira, às 19 horas, no Centro de Cultura, para tratar do mesmo tema.
 
Na reunião da última sexta-feira, 03/05, Eráclito se encarregou de postar no portal da Secretaria do Turismo e da Cultura (http://www.portosegurotur.com) as leis municipais 1034 (citada) e as leis anteriores (825/2009 e 446/2002), que também tratam do tema e que possivelmente tiveram disposições revogadas pela lei 1034.
 
Os representantes da Secretaria do Turismo e da Cultura sugerem que, para maior eficiência, as 4 reuniões das próximas duas semanas devem ter a participação de no máximo 10 Agentes, Empreendedores e Gestores Culturais.
 
Portanto, quem tiver interessado em participar deve se inscrever com Míriam no 3288-1388 ou 1975. Na hipótese pouco provável de ter mais de 10 pessoas interessadas, sugiro que o Fórum realize uma reunião extraordinária para estabelecer o critério de seleção.
 
Particularmente, considero que a participação de todos os Agentes, Empreendedores e Gestores Culturais de Porto Seguro no processo, sendo eles ou elas já membros ou não do Fórum, é de fundamental importância, pois o Conselho Municipal de Cultura deverá contribuir para a viabilização das produções culturais de todos os setores da atividade cultural do município.
 
Se por questões práticas não é possível a participação de todos e todas nas reuniões preparatórias, com certeza o sucesso do seminário prometido ainda para este mês, dependerá da mais ampla participação possível. 
Em meu ponto de vista a tendência é de que o processo ocorra sob liderança da Secretaria do Turismo e da Cultura, já que, talvez, neste momento histórico, ela seja a única organização capaz de assumir a produção do evento.

Saudades do Matão – Feliz 89 anos!, Veizico.

Fotos do sertão mineiro no ano 2000:

Lajinha - pan da região

Cerrado mineiro. Município de Itaguara.

Distrito da Jacuba; município de Itaguara (MG).

Distrito da Jacuba; município de Itaguara (MG).

CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA ACESSAR VÍDEO DA MÚSICA

http://letras.mus.br/tonico-e-tinoco/884289/

ALÉM de suas próprias histórias, músicas carregam casos de muita gente – alguns nunca contados.

A valsa “Francana”, por exemplo, foi composta em 1908, teve seu nome trocado para Saudades de Matão em torno de 1912, recebeu letra em 1938, chegou à Lajinha no final da década de 1950, com Tonico e Tinoco na vitrola do Curiango, hoje o Veizico, e segue o seu curso cheio de casos.

Um desses casos, que é parte da história do Curiango, eu vou contar aqui:

QUASE sempre à noite é que ele chegava de suas andanças, quebrando o silêncio da casa com os pesados passos de suas botas, anunciando pelo menos às crianças de até 5 ou 6 anos que o enérgico chefe da família reassumia seu posto. Era a hora do ameaçado acerto de contas com quem havia feito alguma coisa errada.

Sede da Lajinha, com pau de óleo onde crianças brincavam de balanço na década de 1950.

Sede da Lajinha. Em 1º plano, o pau de óleo onde crianças brincavam de balanço na década de 1950.

—Cê vai ver. Vou falar com seu pai! — ameaçava a Concinha, quando não encontrava outros meios para controlar a criançada.

Depois das chegadas, mesmo se nada houvesse de errado, os dias se seguiam sem diálogos com o temido Curiango, nem à cerca das andanças, nem nada. As viagens, curtas ou ligeiramente longas, eram um mistério que às crianças não cabia entender. Hoje eu sei que nelas o Curiango comprava e vendia pequenas partidas de gado, para obter algum lucro. Eventualmente ele aparecia em nossa precária propriedade rural com alguns garrotes ou bezerros que não havia conseguido revender, mas logo eram passados pra frente por causa da má qualidade das pastagens daquele pedaço de cerrado itaguarense.

O apelido “Curiango” só era usado por nosso amado vizinho e tio emprestado, o Chiquinho Costa, que nos voos mais longos do Curiango, contribuía com os trabalhos da rotina do ninho repleto de crianças e de adolescentes ___ Descascar e debulhar milho, levar ao moinho, tratar dos porcos, apartar vacas e bezerros, tirar o leite…

Chiquinho Costa talvez não aprovasse, mas também não protestava contra o modo de vida de seu amigo e concunhado, o Curiango, que era como a ave: misteriosa e notívaga, como diria o erudito Marcelão.

Dor nas cadeiras, ou na escadeira, se considerarmos alguma semelhança entre uma coluna vertebral humana e uma escadaria; vista deficiente em consequência de pó de telha caído em seus olhos, eram algumas das alegações do Curiango para evitar os trabalhos pesados da roça. Já o Chiquinho Costa não: era um homem forte, cheio de saúde e disposto ao trabalho pesado.

­Depois de uma de suas ausências, o Curiango foi visto com um acordeom vermelho de 80 baixos, instrumento em que ele logo aprendeu tocar Saudades do Matão, inspirado por Tonico e Tinoco. O acordeom, como bem mais tarde vim a saber, havia sido trocado por uma velha cabeça de jegue que ele tinha há mais tempo. Cabeça de jegue é como eram chamadas aquelas sanfoninhas de 8 baixos, com botões no lugar das teclas. Já o acordeom não! Era a rainha das sanfonas, com sua brilhante carenagem vermelha cristalizada, a coisa mais linda de nosso mundo. Era, para todos nós, um substantivo feminino. “A acordeom.” Mas ninguém podia por a mão.

Em algumas andanças o Curiango levava sua vitrola, seus discos e seu acordeom, provavelmente para misturar diversão e negócios, já que ninguém é santo, nem de ferro. Muito menos o Curiango! Quando o acordeom era deixado em casa, o corajoso Cu Branco, ao arrepio da autoridade totalitária do pai, apesar de seus apenas 5 ou 6 anos, ousava mexer no instrumento, certamente em conluio com a mãe, irmãs e irmãos mais velhos. Tanto o fez até aprender, como o pai, a correr o polegar e o indicador nas alvas teclas, conseguindo tocar a Saudades do Matão, mesmo que usando apenas as teclas brancas e dois dos 80 baixos.

Corajoso nem tanto, obviamente o pequeno Nenen (o Cu Branco) cagava de medo de o Curiango descobrir a façanha. Quando ficou sabendo, o Curiango fez vistas grossas e não ralhou com ninguém. Aliás, bater ele raramente batia. No máximo dava algumas sacudidas nas crianças entre suas pernas, seguidas de um baixo, mas enérgico “cala já”, que nos fazia engolir até soluços. Além disso, nada era necessário, pois as crianças mijavam de medo só de ouvir os passos pesados das botas que chegavam de viagem ou das botinas usadas nos dias seguintes.

—Não quero moranga amassada; quero é ovo de verdade.

—É o Letorelo outra vez! É gema de ovo, ó!

—Não! É moranga amassada. Eu quero é ovo!

Nestas alturas, se as botinas se aproximassem da cozinha, acabava logo a polêmica. É certo que Concinha, a boa mãe, sempre que podia, protegia suas crias, mas os ovos precisavam ser juntados para serem negociados com o mascate, mais citado como Comprador de Ovo. De tempo em tempo o Comprador de Ovo passava pelas casas da roça em sua mula, tocando um jumento abarrotado de mercadorias para venda ou troca.

Concinha vendia ou trocava os ovos por coisas raras ali na roça, como retalhos para vestir e agasalhar as crianças, molduras com desenhos do Sagrado Coração de Jesus, de santos e de santas, para expor nas paredes como alimento da fé e da devoção. Tinha aquele quadro em curiosa moldura 20×25 em 3D, com a terceira dimensão formada por réguas paralelas de vidro, dispostas entre o vidro da frente e o desenho de Nossa Senhora no fundo. Um só quadro mostrava três das Nossas Senhoras que protegiam a família: uma era vista do ponto frontal ao quadro, outra do ponto de vista da esquerda e outra da direita.

Mas, voltando ao acordeom… anos depois do aprendizado clandestino, já tendo se mudado para Itaguara com a família, o pequeno Nenen (o Cu Branco) chegou a se apresentar para grande público, tocando Saudades do Matão numa mostra coletiva de habilidades infanto-juvenis. Ele já tinha nove anos de idade, mas com aspecto de sete. Ninguém entendeu como é que ele, sentado em uma cadeira, diante do repleto Cine Teatro Regina, conseguia sustentar sobre suas finas pernas aquele belo instrumento que tapava todo o seu corpo magrinho e muito branco, e ainda conseguia abrir e fechar o fole.

Todo mundo só via aquelas mãozinhas correndo no teclado, e cantava acompanhando o solo das teclas brancas e de dois dos 80 baixos: “Quando lá no céu, surgir (…)”. Teve até bis exclusivo no final do evento.

Já o Curiango, que geralmente em casa não fazia graça, diante de alguma visita ilustre chegou a tocar e a cantar sua melodia predileta, a emocionante Saudades do Matão. A ele associo mais a primeira estrofe: “Neste mundo eu choro a dor / de uma paixão sem fim (…)”, correndo os dedos sobre o alvo teclado.

Tempos depois (e sempre alguma coisa acontece tempos depois), já em Belo Horizonte, com a voz pastosa de quem não consegue esconder as pingas que bebe, mas nunca deixa aparecer os tombos que leva, certa vez o Curiango me disse que tinha uma paixão.

—Por que tanta bebida?, meu pai!

—Meu filho, eu tenho uma paixão.

—Que paixão? Pensei. Mas não cheguei a perguntar. Primeiro porque não me era dado tal atrevimento. Segundo porque tive medo de não saber administrar resposta. Eu já havia passado da adolescência, mas ainda era muito retardado para entender as profundezas do amor; para entender que uma paixão é uma coisa que pode ser resolvida; para entender que uma paixão pode ser não somente por uma mulher, ou por um amor proibido; mas que pode ser também por um mundo diferente, por um lugar, por uma paisagem maravilhosa, por um ideal, por um estilo de vida…

Hoje, depois de 89 anos de altos e baixos, certamente mais baixos que altos, pode haver alguém com habilidade suficiente para abrir a caixa preta de uma paixão sem fim, ou talvez seja melhor deixá-la fechada como sempre foi.

Sabe-se lá quanta tormenta um coração aguenta! Diz Machado de Assis que os suicídios ocorrem menos pela gravidade dos fatos que pela interpretação momentânea. O que pode ser grave em certo momento pode não passar de uma piada em outro. Depende do estado de espírito do protagonista na hora da constatação do fato.

É cruel imaginar que o sofrimento se serve ao aperfeiçoamento.

Sempre haverá a dúvida se a pessoa que sofre mais é a que ama sem ser correspondida ou a que aceita ser amada sem correspondência.

Contudo, quase ninguém quer que a sorte lhe tire desta grande dor, mesmo que o alívio prometa o surgimento, lá no céu, de uma peregrina flor.

 

 

Abril de 2013 – Clique para ouvir novamente “Saudades de Matão”:

http://letras.mus.br/tonico-e-tinoco/884289/

UESC ministra curso de gestão e orienta fórum da cultura regional

Professores Samuel e Raimundo (UESC), com Glauce (presidente do fórum) e outros alunos do curso de gestão cultural.

 

A Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), por meio de sua Pró-reitoria de Extensão, realizou um curso de gestão cultural em Porto Seguro. O curso foi ministrado pelos professores Pawlo Cidade, Edson Ramos, Samuel Mattos, pelo pró-reitor Raimundo Bonfim e sua assistente Shirley Franco, durante 8 horas por dia, no período de 15 a 20 de outubro de 2012.

O corpo discente teve a preponderância de alunos do município de Porto Seguro, mas participaram alunos de outros municípios da região Extremo Sul da Bahia, como Alcobaça, Itamaraju, Itabela e Cabrália, totalizando cerca de 25 pessoas. Ao final do curso e visando continuidade ao desenvolvimento da cultura regional, por inspiração do pró-reitor Raimundo Bonfim foi criado um fórum da cultura regional.

Venho questionando o nome do fórum mesmo depois de sua aprovação, de forma pouco recomendável, em assembleia. Defendo que o nome não deve ser “Fórum do Extremo Sul”, porque atualmente o governo da Bahia está separando o Extremo Sul em dois territórios de identidade para efeito de gestão cultural. Na nova distribuição territorial para efeito de gestão cultural, os municípios correspondentes à 9ª região administrativa continuam com sua sede em Teixeira de Freitas, mas os municípios correspondentes à 8ª região, que tem Eunápolis como sede para efeito de educação (DIREC) e de saúde (DIRES), passam a ser sediados em Porto Seguro, onde se instalará o novo representante territorial que está em fase de contratação pela Secretaria da Cultura.

O nome que vem sendo considerado como oficial é “Costa do Descobrimento”, mas nem todos os 8 municípios da 8ª região estão na tal costa do descobrimento, cujo nome foi imposto há algumas décadas, reforçando o provincianismo, a falta de respeito à natureza, à soberania dos povos e a outros aspectos da história contada da ótica dos invasores.

Além disto, cidades como Alcobaça e Itamaraju, que têm representantes no fórum, compõem a Costa das Baleias. Pelo menos em meu entendimento, Costa do Descobrimento é um nome com grande peso simbólico negativo para todo o Brasil, que nasceu e cresceu com abuso das culturas vulneráveis que nos cabe resgatar. Além disto, apesar da insistência das autoridades, o nome “Costa do Descobrimento” é uma negação até em termos de marketing, e a mudança deste nome  para “COSTA 1500 BRASIL” pode representar um grande gancho para a inserção de Porto Seguro na história moderna, considerando-se recente resolução da ONU que consagrou o dia 22 de abril como Dia Mundial da Terra.

O Fórum está com sua 3ª assembleia programada para o dia 08/12/2012 às 10 horas, no Centro de Cultura de Porto Seguro. Como “instância de consulta, participação e controle social” do Sistema Estadual de Cultura, o Fórum é aberto a todos os empreendedores, gestores e agentes culturais da região. Contatos podem ser feitos pelo e-mail culturacosta1500brasil@groups.live.com.

Marta no Ministério da Cultura: luz mais forte no fim do túnel.

Sempre acreditei que, para termos boas obras à disposição da população, não basta que tenhamos artistas qualificados e portanto conscientes de seus papéis na sociedade, mas tambem que tenhamos bons administradores, comprometidos com as necessidades reais da população.

A arte não pode ficar submetida aos impérios que detêm os recursos financeiros e tecnológicos para promover e manipular a distribuição, de acordo com seus interesses mercantis, como acontece especialmente na programação popularesca da TV brasileira, embriagada pela prostituição cultural.