Livro objeto, e mensagem em garrafa.

Curso de Literatura – Secult/Funceb/Mec  ***** 4º módulo – A Palavra é Risco          Prof. Karina Rabinovitz

Centro de Cultura de Porto Seguro ***** Outubro de 2013

Criações, textos e fotos de José Édson de Vasconcelos.

Roda mundo.

Título de minha mensagem em garrafa

DISTRIBUIÇÃO

de paz e de pão

Curso Lit - Livro aberto

Sanduíche aberto

PAZ E PÃO

 

Não entendo

quem diz

que é feliz

e nada faz senão

apropriar-se das

riquezas do irmão.

Curso Lit - Livro fechado

Sanduíche Ouro de Tolo

ALIMENTO

 

Sustento

do corpo,

do pensamento,

da alma,

da calma.    

O QUE É O DINHEIRO

 

Vil metal!

Serve ao bem e ao mal.

Objeto de troca.

Sozinho,

não tem relevância.

Objeto de ganância.

Pode até curar doenças.

É o senhor das existências.

        Tristes aparências!   

Laura Bertelli (produtora e articuladora local do curso)  e Karina Rabinovitz (professora do 4º módulo - A PALAVRA É RISCO).

Laura Bertelli (produtora e articuladora local do curso)
e Karina Rabinovitz (professora do 4º módulo – A PALAVRA É RISCO).

O Grande Anão

Andre Kertesz - Sixth Avenue - 1959_176kCurso de Literatura
Centro de Cultura
Porto Seguro, Bahia, Brasil.
3º módulo – Forma e Sentido
27 a 29/09/2013
Professor: João Filho.
Aluno: José Edson de Vasconcelos.
Exercício: Livre descrição da foto ao lado
(“Sexta Avenida”) em prosa de ½ lauda.
 
 
 

O Grande Anão

Professor e aluno entram numa sala de exposição fotográfica. Chama-lhes a atenção uma antiga fotografia, com as indicações “Andre Kertesz – Sixth Avenue – 1959”. A obra sugere que há muito tempo o trabalho começa cedo na Sexta Avenida. Executivos se dirigem à labuta; alguns apressados, outros nem tanto, mas todos aparentemente muito focados em suas rotinas.

No primeiro plano da foto, contrastando com a performance dos executivos, calmamente um cão guia um sanfoneiro cego ao lado de uma mulher cega. A mulher tem a função de recolher donativos de generosos transeuntes, eventuais apreciadores do músico.

____ Uma fotografia para a história ____ diz o professor, apontando para a foto em preto e branco ____ Artistas à frente, como deve ser, inclusive o fotógrafo em espaço imaginário, e o anão generoso. Ele sim, certamente também é um artista; e executivos ao fundo com suas valises e luxuosos automóveis ____ completou, em sua análise sempre carregada de símbolos e de metáforas.

____ Assim era o mundo ____ concorda o aluno, também observando a fotografia ____ especialmente na ilha de Manhattan, em plena Nova Iorque de 1959, e continua sendo: Alguns trabalhos rendem muito dinheiro e uma boa dose de estresse; outros rendem algumas moedinhas e muito prazer. O que somos nem sempre é uma questão de escolha. É a vida que reserva o destino para cada um de nós; e o tempo se encarrega de consolidá-lo, salvo algumas rebeldias, nem todas exitosas.

____ Mas não é? ____ completa o professor, em contemplação ____ O anão é um artista. Provavelmente ele saiu de um espetáculo da Broadway naquela manhã, e solidariamente, destinou uma pequena parte de seu cachê ao artista da rua, que contribui para o alívio das tensões de cada dia. As tensões do funcionário que abre o guichê quando o artista fecha a cortina.

____ Positivo! ____  conclui o aluno, sorrindo. ____ O anão, no mínimo, é grande parte da fotografia, esta obra de arte que eternizou um bom momento logo no começo do dia. Como diz nosso Sebastião Salgado, “artista é também quem proporciona a boa imagem fotografada”.

Porto Seguro busca consolidar sua participação no Sistema Nacional de Cultura

Imagem

Na última sexta-feira, 03/05/2013, houve uma reunião na Secretaria do Turismo e da Cultura de Porto Seguro para tratar da Lei Municipal 1034, de 14/12/2012. Esta lei dispõe sobre o Sistema Municipal de Cultura, envolvendo a constituição do Fundo Municipal de Cultura e do Conselho Municipal de Cultura.
 
A reunião aconteceu por iniciativa de Míriam, coordenadora do Centro de Cultura. Ela foi acompanhada por João Henriques e eu, convidados de última hora. Lá encontramos o Cabo Cidadão, que também participou como membro do Fórum dos Agentes, Empreendedores e Gestores Culturais de Porto Seguro. Representando a Prefeitura participaram o Diretor de Captação de Cultura e Turismo, Eráclito Santana, e Laércio, o Carioca.
 
Ficou estabelecido que nas próximas duas semanas haverão mais 4 reuniões para tratar do tema, incluindo a realização de um seminário ainda neste mês de maio, com palestrantes que já tiveram êxito na formatação de conselhos e de fundos municipais de cultura em seus municípios. Nem as 4 reuniões nem o seminário tiveram datas marcadas.
 
Está mantido o convite de Míriam, a pedido da Secretaria Estadual de Cultura, para a reunião do dia 16/05, quinta-feira, às 19 horas, no Centro de Cultura, para tratar do mesmo tema.
 
Na reunião da última sexta-feira, 03/05, Eráclito se encarregou de postar no portal da Secretaria do Turismo e da Cultura (http://www.portosegurotur.com) as leis municipais 1034 (citada) e as leis anteriores (825/2009 e 446/2002), que também tratam do tema e que possivelmente tiveram disposições revogadas pela lei 1034.
 
Os representantes da Secretaria do Turismo e da Cultura sugerem que, para maior eficiência, as 4 reuniões das próximas duas semanas devem ter a participação de no máximo 10 Agentes, Empreendedores e Gestores Culturais.
 
Portanto, quem tiver interessado em participar deve se inscrever com Míriam no 3288-1388 ou 1975. Na hipótese pouco provável de ter mais de 10 pessoas interessadas, sugiro que o Fórum realize uma reunião extraordinária para estabelecer o critério de seleção.
 
Particularmente, considero que a participação de todos os Agentes, Empreendedores e Gestores Culturais de Porto Seguro no processo, sendo eles ou elas já membros ou não do Fórum, é de fundamental importância, pois o Conselho Municipal de Cultura deverá contribuir para a viabilização das produções culturais de todos os setores da atividade cultural do município.
 
Se por questões práticas não é possível a participação de todos e todas nas reuniões preparatórias, com certeza o sucesso do seminário prometido ainda para este mês, dependerá da mais ampla participação possível. 
Em meu ponto de vista a tendência é de que o processo ocorra sob liderança da Secretaria do Turismo e da Cultura, já que, talvez, neste momento histórico, ela seja a única organização capaz de assumir a produção do evento.

Saudades do Matão – Feliz 89 anos!, Veizico.

Fotos do sertão mineiro no ano 2000:

Lajinha - pan da região

Cerrado mineiro. Município de Itaguara.

Distrito da Jacuba; município de Itaguara (MG).

Distrito da Jacuba; município de Itaguara (MG).

CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA ACESSAR VÍDEO DA MÚSICA

http://letras.mus.br/tonico-e-tinoco/884289/

ALÉM de suas próprias histórias, músicas carregam casos de muita gente – alguns nunca contados.

A valsa “Francana”, por exemplo, foi composta em 1908, teve seu nome trocado para Saudades de Matão em torno de 1912, recebeu letra em 1938, chegou à Lajinha no final da década de 1950, com Tonico e Tinoco na vitrola do Curiango, hoje o Veizico, e segue o seu curso cheio de casos.

Um desses casos, que é parte da história do Curiango, eu vou contar aqui:

QUASE sempre à noite é que ele chegava de suas andanças, quebrando o silêncio da casa com os pesados passos de suas botas, anunciando pelo menos às crianças de até 5 ou 6 anos que o enérgico chefe da família reassumia seu posto. Era a hora do ameaçado acerto de contas com quem havia feito alguma coisa errada.

Sede da Lajinha, com pau de óleo onde crianças brincavam de balanço na década de 1950.

Sede da Lajinha. Em 1º plano, o pau de óleo onde crianças brincavam de balanço na década de 1950.

—Cê vai ver. Vou falar com seu pai! — ameaçava a Concinha, quando não encontrava outros meios para controlar a criançada.

Depois das chegadas, mesmo se nada houvesse de errado, os dias se seguiam sem diálogos com o temido Curiango, nem à cerca das andanças, nem nada. As viagens, curtas ou ligeiramente longas, eram um mistério que às crianças não cabia entender. Hoje eu sei que nelas o Curiango comprava e vendia pequenas partidas de gado, para obter algum lucro. Eventualmente ele aparecia em nossa precária propriedade rural com alguns garrotes ou bezerros que não havia conseguido revender, mas logo eram passados pra frente por causa da má qualidade das pastagens daquele pedaço de cerrado itaguarense.

O apelido “Curiango” só era usado por nosso amado vizinho e tio emprestado, o Chiquinho Costa, que nos voos mais longos do Curiango, contribuía com os trabalhos da rotina do ninho repleto de crianças e de adolescentes ___ Descascar e debulhar milho, levar ao moinho, tratar dos porcos, apartar vacas e bezerros, tirar o leite…

Chiquinho Costa talvez não aprovasse, mas também não protestava contra o modo de vida de seu amigo e concunhado, o Curiango, que era como a ave: misteriosa e notívaga, como diria o erudito Marcelão.

Dor nas cadeiras, ou na escadeira, se considerarmos alguma semelhança entre uma coluna vertebral humana e uma escadaria; vista deficiente em consequência de pó de telha caído em seus olhos, eram algumas das alegações do Curiango para evitar os trabalhos pesados da roça. Já o Chiquinho Costa não: era um homem forte, cheio de saúde e disposto ao trabalho pesado.

­Depois de uma de suas ausências, o Curiango foi visto com um acordeom vermelho de 80 baixos, instrumento em que ele logo aprendeu tocar Saudades do Matão, inspirado por Tonico e Tinoco. O acordeom, como bem mais tarde vim a saber, havia sido trocado por uma velha cabeça de jegue que ele tinha há mais tempo. Cabeça de jegue é como eram chamadas aquelas sanfoninhas de 8 baixos, com botões no lugar das teclas. Já o acordeom não! Era a rainha das sanfonas, com sua brilhante carenagem vermelha cristalizada, a coisa mais linda de nosso mundo. Era, para todos nós, um substantivo feminino. “A acordeom.” Mas ninguém podia por a mão.

Em algumas andanças o Curiango levava sua vitrola, seus discos e seu acordeom, provavelmente para misturar diversão e negócios, já que ninguém é santo, nem de ferro. Muito menos o Curiango! Quando o acordeom era deixado em casa, o corajoso Cu Branco, ao arrepio da autoridade totalitária do pai, apesar de seus apenas 5 ou 6 anos, ousava mexer no instrumento, certamente em conluio com a mãe, irmãs e irmãos mais velhos. Tanto o fez até aprender, como o pai, a correr o polegar e o indicador nas alvas teclas, conseguindo tocar a Saudades do Matão, mesmo que usando apenas as teclas brancas e dois dos 80 baixos.

Corajoso nem tanto, obviamente o pequeno Nenen (o Cu Branco) cagava de medo de o Curiango descobrir a façanha. Quando ficou sabendo, o Curiango fez vistas grossas e não ralhou com ninguém. Aliás, bater ele raramente batia. No máximo dava algumas sacudidas nas crianças entre suas pernas, seguidas de um baixo, mas enérgico “cala já”, que nos fazia engolir até soluços. Além disso, nada era necessário, pois as crianças mijavam de medo só de ouvir os passos pesados das botas que chegavam de viagem ou das botinas usadas nos dias seguintes.

—Não quero moranga amassada; quero é ovo de verdade.

—É o Letorelo outra vez! É gema de ovo, ó!

—Não! É moranga amassada. Eu quero é ovo!

Nestas alturas, se as botinas se aproximassem da cozinha, acabava logo a polêmica. É certo que Concinha, a boa mãe, sempre que podia, protegia suas crias, mas os ovos precisavam ser juntados para serem negociados com o mascate, mais citado como Comprador de Ovo. De tempo em tempo o Comprador de Ovo passava pelas casas da roça em sua mula, tocando um jumento abarrotado de mercadorias para venda ou troca.

Concinha vendia ou trocava os ovos por coisas raras ali na roça, como retalhos para vestir e agasalhar as crianças, molduras com desenhos do Sagrado Coração de Jesus, de santos e de santas, para expor nas paredes como alimento da fé e da devoção. Tinha aquele quadro em curiosa moldura 20×25 em 3D, com a terceira dimensão formada por réguas paralelas de vidro, dispostas entre o vidro da frente e o desenho de Nossa Senhora no fundo. Um só quadro mostrava três das Nossas Senhoras que protegiam a família: uma era vista do ponto frontal ao quadro, outra do ponto de vista da esquerda e outra da direita.

Mas, voltando ao acordeom… anos depois do aprendizado clandestino, já tendo se mudado para Itaguara com a família, o pequeno Nenen (o Cu Branco) chegou a se apresentar para grande público, tocando Saudades do Matão numa mostra coletiva de habilidades infanto-juvenis. Ele já tinha nove anos de idade, mas com aspecto de sete. Ninguém entendeu como é que ele, sentado em uma cadeira, diante do repleto Cine Teatro Regina, conseguia sustentar sobre suas finas pernas aquele belo instrumento que tapava todo o seu corpo magrinho e muito branco, e ainda conseguia abrir e fechar o fole.

Todo mundo só via aquelas mãozinhas correndo no teclado, e cantava acompanhando o solo das teclas brancas e de dois dos 80 baixos: “Quando lá no céu, surgir (…)”. Teve até bis exclusivo no final do evento.

Já o Curiango, que geralmente em casa não fazia graça, diante de alguma visita ilustre chegou a tocar e a cantar sua melodia predileta, a emocionante Saudades do Matão. A ele associo mais a primeira estrofe: “Neste mundo eu choro a dor / de uma paixão sem fim (…)”, correndo os dedos sobre o alvo teclado.

Tempos depois (e sempre alguma coisa acontece tempos depois), já em Belo Horizonte, com a voz pastosa de quem não consegue esconder as pingas que bebe, mas nunca deixa aparecer os tombos que leva, certa vez o Curiango me disse que tinha uma paixão.

—Por que tanta bebida?, meu pai!

—Meu filho, eu tenho uma paixão.

—Que paixão? Pensei. Mas não cheguei a perguntar. Primeiro porque não me era dado tal atrevimento. Segundo porque tive medo de não saber administrar resposta. Eu já havia passado da adolescência, mas ainda era muito retardado para entender as profundezas do amor; para entender que uma paixão é uma coisa que pode ser resolvida; para entender que uma paixão pode ser não somente por uma mulher, ou por um amor proibido; mas que pode ser também por um mundo diferente, por um lugar, por uma paisagem maravilhosa, por um ideal, por um estilo de vida…

Hoje, depois de 89 anos de altos e baixos, certamente mais baixos que altos, pode haver alguém com habilidade suficiente para abrir a caixa preta de uma paixão sem fim, ou talvez seja melhor deixá-la fechada como sempre foi.

Sabe-se lá quanta tormenta um coração aguenta! Diz Machado de Assis que os suicídios ocorrem menos pela gravidade dos fatos que pela interpretação momentânea. O que pode ser grave em certo momento pode não passar de uma piada em outro. Depende do estado de espírito do protagonista na hora da constatação do fato.

É cruel imaginar que o sofrimento se serve ao aperfeiçoamento.

Sempre haverá a dúvida se a pessoa que sofre mais é a que ama sem ser correspondida ou a que aceita ser amada sem correspondência.

Contudo, quase ninguém quer que a sorte lhe tire desta grande dor, mesmo que o alívio prometa o surgimento, lá no céu, de uma peregrina flor.

 

 

Abril de 2013 – Clique para ouvir novamente “Saudades de Matão”:

http://letras.mus.br/tonico-e-tinoco/884289/

UESC ministra curso de gestão e orienta fórum da cultura regional

Professores Samuel e Raimundo (UESC), com Glauce (presidente do fórum) e outros alunos do curso de gestão cultural.

 

A Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), por meio de sua Pró-reitoria de Extensão, realizou um curso de gestão cultural em Porto Seguro. O curso foi ministrado pelos professores Pawlo Cidade, Edson Ramos, Samuel Mattos, pelo pró-reitor Raimundo Bonfim e sua assistente Shirley Franco, durante 8 horas por dia, no período de 15 a 20 de outubro de 2012.

O corpo discente teve a preponderância de alunos do município de Porto Seguro, mas participaram alunos de outros municípios da região Extremo Sul da Bahia, como Alcobaça, Itamaraju, Itabela e Cabrália, totalizando cerca de 25 pessoas. Ao final do curso e visando continuidade ao desenvolvimento da cultura regional, por inspiração do pró-reitor Raimundo Bonfim foi criado um fórum da cultura regional.

Venho questionando o nome do fórum mesmo depois de sua aprovação, de forma pouco recomendável, em assembleia. Defendo que o nome não deve ser “Fórum do Extremo Sul”, porque atualmente o governo da Bahia está separando o Extremo Sul em dois territórios de identidade para efeito de gestão cultural. Na nova distribuição territorial para efeito de gestão cultural, os municípios correspondentes à 9ª região administrativa continuam com sua sede em Teixeira de Freitas, mas os municípios correspondentes à 8ª região, que tem Eunápolis como sede para efeito de educação (DIREC) e de saúde (DIRES), passam a ser sediados em Porto Seguro, onde se instalará o novo representante territorial que está em fase de contratação pela Secretaria da Cultura.

O nome que vem sendo considerado como oficial é “Costa do Descobrimento”, mas nem todos os 8 municípios da 8ª região estão na tal costa do descobrimento, cujo nome foi imposto há algumas décadas, reforçando o provincianismo, a falta de respeito à natureza, à soberania dos povos e a outros aspectos da história contada da ótica dos invasores.

Além disto, cidades como Alcobaça e Itamaraju, que têm representantes no fórum, compõem a Costa das Baleias. Pelo menos em meu entendimento, Costa do Descobrimento é um nome com grande peso simbólico negativo para todo o Brasil, que nasceu e cresceu com abuso das culturas vulneráveis que nos cabe resgatar. Além disto, apesar da insistência das autoridades, o nome “Costa do Descobrimento” é uma negação até em termos de marketing, e a mudança deste nome  para “COSTA 1500 BRASIL” pode representar um grande gancho para a inserção de Porto Seguro na história moderna, considerando-se recente resolução da ONU que consagrou o dia 22 de abril como Dia Mundial da Terra.

O Fórum está com sua 3ª assembleia programada para o dia 08/12/2012 às 10 horas, no Centro de Cultura de Porto Seguro. Como “instância de consulta, participação e controle social” do Sistema Estadual de Cultura, o Fórum é aberto a todos os empreendedores, gestores e agentes culturais da região. Contatos podem ser feitos pelo e-mail culturacosta1500brasil@groups.live.com.

Tirinhas Verticais

Clique em “Tirinhas Verticais” no canto superior esquerdo deste blog.
São polêmicas de minha autoria, com imagens da Internet.
Na base das tirinhas tem opção para diminuir o zoom, imprimir, gravar…

“¿Por qué no te callas?”, disse  na XVII Conferência Ibero-Americana o rei matador de elefantes, sucessor dos genocidas da cultura primitiva sul-americana. E ele é que não tinha direito a voz, porque não é eleito para representar nenhum povo.
Mas não faltou quem reproduzisse no celular a opressão do rei.
“No puedo callarme”, digo eu. Daí, as Tirinhas Verticais: de baixo para cima.
E quem disse que o que vem de baixo não lhe atinge… é porque nunca se sentou em um formigueiro (rsrs).

Transmissores de TVs pagas desprezam os canais de TV sem fins lucrativos

Imagem

(imagem do http://aline30.wordpress.com/2011/02/17/marionete/)

 

E-mail enviado em 08/10/2012 aos seguintes endereços:

Min. Comunicações – Ass. Contr. Interno (aeci@mc.gov.br); Ancine – Ouvidoria (ouvidoria.responde@ancine.gov.br); Ancine – Ascom (comunicacao@ancine.gov.br); Min Comunicações – Gabinete (chefia.gabinete@mc.gov.br); Anatel – Ouvidoria (ouvidoria@anatel.gov.br); EBC – Empr. Bras. de Comunicação (cenasdobrasil@ebc.com.br); Ancine – Escr. DF (escritorio.df@ancine.gov.br); Sky 2 (atendimento@sky.com.br); Sky (sky@news.sky.com.br).

 

 

Car@s senhores(as), boa noite.

 

Pelo presente, solicito que deem mais atenção aos telespectadores que se interessam pelos canais de TV Pública.

 

Contesto a expressão “TV por assinatura” porque a grade de canais não é opcional e sim imposta em pacotes. A Porto Seguro TV a Cabo, assim como a Sky e todas as outras empresas que têm concessão para transmitir sinais de TVs Pagas e de TVs abertas que eu conheço, vêm, em sua maioria, há décadas contribuindo com os programadores que embriagam os telespectadores com suas programações do mais baixo nível.

 

Apresentadores ridículos, sensacionalismo, excesso de notícias sobre violência, enlatados estadunidenses que incluem até programas de humor legendados, nem dá para serem comentados aqui, porque são simplesmente provincianos e aviltantes.

 

Aliada de toda esta baixaria, no caso da Porto Seguro TV a Cabo (Cable.com Telecomunicações Ltda), ela recentemente agrupou os canais de TV pública que eram sintonizados dispersamente no meio da programação de baixo nível, predominantemente de lavagem cerebral consumista, pregação evangélica, varejistas, telas cinza, telas azuis, etc, porém agrupou os canais das TVs Públicas no final da numeração da grade de canais, onde a imagem é péssima e o som tem ruídos insuportáveis.

 

Além disto, a referida transmissora de sinais troca os números dos canais públicos frequentemente, sem qualquer aviso ou explicação, eventualmente deixa os canais públicos absolutamente fora da sintonia, apesar de servir uma cidade baiana transmite o sinal não da Assembleia Legislativa da Bahia, mas sim das assembleias legislativas de São Paulo ou de Santa Catarina. Ao contrário, procede completamente diferente em relação aos canais sensacionalistas e de lavagem cerebral consumista, que são sintonizados com total estabilidade nos primeiros números da sequência de canais.

 

Entendo que se a comercialização de sinal de TV é uma concessão governamental, as distribuidoras de sinal deveriam ser obrigadas pela Anatel a disponibilizar todos os canais existentes, agrupados de acordo com a natureza das programações, por um preço razoável, e facultando ao telespectador a exclusão dos canais que quisesse excluir para diminuir o preço do pacote, sem que ficassem telas azuis ou cinzas entre um e outro canal. 

 

Acredito que só assim os programadores passarão a respeitar os telespectadores, já que trata-se de uma concessão pública, os telespectadores pagam pelo serviço e os programadores precisam de audiência para continuarem faturando alto com as inserções publicitárias. 

 

Ao contrário, da forma que funciona em todo o país, os programadores estabelecem suas programações exclusivamente do jeito que interessa aos anunciantes concentradores de renda que os locupletam, e os distribuidores do sinal não dão a menor chance aos telespectadores para que eles possam dizer não à manipulação da comunicação.

 

Minha conclusão é de que desta forma a TV é o pior câncer do Brasil e que ainda por cima contamina o rádio e a Internet, e faz dobradinha com a mídia impressa, formando, com raras exceções, uma rede de esgotos que somente poderá ser tratada com a regulamentação da mídia, o que não pode ser confundido com a censura branca diuturnamente praticada pelos patrões dos comunicadores e dos artistas.

 

Ressaltando que nenhum governo faz sentido se não atuar sistematicamente em defesa do povo, despeço-me pedindo desculpas pelos excessos e respeito dos fornecedores aos consumidores indefesos.

Marta no Ministério da Cultura: luz mais forte no fim do túnel.

Sempre acreditei que, para termos boas obras à disposição da população, não basta que tenhamos artistas qualificados e portanto conscientes de seus papéis na sociedade, mas tambem que tenhamos bons administradores, comprometidos com as necessidades reais da população.

A arte não pode ficar submetida aos impérios que detêm os recursos financeiros e tecnológicos para promover e manipular a distribuição, de acordo com seus interesses mercantis, como acontece especialmente na programação popularesca da TV brasileira, embriagada pela prostituição cultural.

A INFLUÊNCIA DO ADMINISTRADOR NA CULTURA DO BRASIL

Artigo escrito pelo administrador José Edson de Vasconcelos (CRA-BA), para concorrência ao Prêmio Belmiro Siqueira – 2010, do Conselho Federal de Administração (CFA), e publicado neste blog em 23/06/2012.

Contatos joseedsondois@hotmail.com (73) 9141-0092

RESUMO

Os Administradores, que já têm grande influência na economia do país, podem, por meio da cultura, passar a ter maior influência em toda a história, especialmente da Bahia.

O Governo do Estado vem se esforçando para interiorizar e democratizar o acesso à produção cultural, mas muitas oportunidades são perdidas, porque a Secretaria Estadual da Cultura (SECULT) prioriza o treinamento dos próprios artistas para elaboração e desenvolvimento dos projetos culturais que se candidatam ao financiamento público e os editais não contemplam a participação de Administradores no processo, atribuindo aos artistas as complexas tarefas burocráticas pertinentes à administração.

Por outro lado, se admitir que “Administradores” são os profissionais adequados à elaboração de projetos, e contratar estes profissionais para atuação em todo o estado, opcionalmente pelo Regime Especial de Direito Administrativo (REDA), o Governo, a cultura e consequentemente o povo obterão melhores resultados, já que Administradores poderão organizar a constituição democrática de comissões representativas em todos os territórios de identidade, para seleção de projetos a serem apresentados.

Eles poderão catalogar e estimular a produção cultural, orientar artistas e produtores culturais na administração, na elaboração, no acompanhamento e na prestação de contas dos projetos, proporcionar a diversificação das candidaturas ao financiamento público e deixar os artistas mais livres para o exercício de suas funções específicas.

Palavras-chave: Projetos culturais. Elaboração. Administração.

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

Baseado na assertiva de que, “na proporção que constrói o senso crítico, a cultura pode ser a redenção de um povo”, este artigo tem por objetivo sugerir uma parceria mais intensa entre a área cultural do Governo da Bahia e Administradores profissionais.

O Governo do Estado da Bahia, por meio de sua Secretaria da Cultura (SECULT), da Fundação Cultural Estado da Bahia (FUNCEB) e da Fundação Pedro Calmon (FPC), tem se esforçado no sentido de interiorizar e de democratizar o acesso à produção cultural.

Esta louvável iniciativa governamental vem sendo praticada nos últimos 3 ou 4 anos, quando passaram a acontecer conferências, oficinas e “workshops” presenciais, teleconferências, atendimento via telefone, via Internet e por outros meios onde foram e continuam sendo demonstrados os acertos da atual política estadual para a cultura, assim como ficaram explícitas as necessidades de aperfeiçoamento, especialmente no sistema de financiamento público da cultura.

Conforme já foi demonstrado em eventos como a Conferência Territorial da Cultura, o Governo não exclui os Administradores do processo de elaboração e acompanhamento dos projetos culturais que se candidatam aos diversos editais de seus órgãos, mas sua meta para capacitação de projetistas tem os próprios artistas como foco principal, para que eles mesmos elaborem seus projetos.

É exatamente aí que está o ponto principal do presente artigo: Muitos artistas têm dificuldade em elaborar, acompanhar, prestar contas dos projetos, e podem perder o foco da arte à medida que se desgastam com tarefas administrativas; alguns artistas e técnicos do governo tendem a ver Administradores como pessoas interessadas somente em suas próprias finanças; alguns projetistas tendem a elaborar, não os melhores projetos, mas exclusivamente os projetos de clientes que podem remunerá-los; e por tudo isto, muitos projetos de boa qualidade podem estar ficando fora do sistema de financiamento público da cultura.

Este artigo visa equacionar todas estas questões e contribuir para que, por meio da cultura, os Administradores passem a influenciar mais na história da Bahia e do Brasil.

 

 

1 ADMINISTRADORES PODEM INFLUENCIAR MAIS POR MEIO DA CULTURA

O Administrador profissional, pela própria natureza de sua atividade, vem contribuindo muito para o desenvolvimento de todos os setores da economia, mas pelo menos no Estado da Bahia, ele pode contribuir ainda mais se tiver a oportunidade de ocupar a lacuna existente na produção cultural. Ao serem educados no âmbito de um regime capitalista, a tendência é de que os Administradores sejam mais associados ao lucro a qualquer custo que à conscientização social ou às artes, já que a voracidade da mídia comercial, que tem o consumismo e as grandes empresas como suas principais fontes de alimentação, por interesses unicamente financeiros procura justificar a concentração dos meios de produção e esconder as íntimas relações entre o capitalismo e o consumismo destruidor da natureza, principalmente com o sofismável argumento da geração de emprego.

1.1 UM NOVO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO

Por meio da cultura, o Administrador pode melhorar sua contribuição para o fortalecimento do Brasil à medida que participar da promoção de um novo conceito de desenvolvimento, onde as essências sejam mais valorizadas que as aparências e o básico para todos seja mais valorizado que o supérfluo. A abertura dos espaços de trabalho aos Administradores para a realização desta nobre tarefa cabe ao setor público, que pelo menos teoricamente se justifica para defender os interesses coletivos, e não somente o das pessoas privilegiadas pela acentuada concentração de renda. Estas podem ser sensibilizadas, por meio da arte, a se solidarizar com as pessoas das classes mais baixas, de menor poder aquisitivo, subempregadas e desempregadas por falta de oportunidades, considerando-se que a contagem das oportunidades deve ter início ainda na idade fetal dos nascituros, quando começam as influências sobre a formação dos indivíduos. Cabe lembrar que, do ponto de vista humanitário, todas as pessoas têm o mesmo direito à felicidade, o mesmo direito de sonhar; e a realização dos sonhos individuais se torna difícil sem a satisfação, pelo menos, das necessidades básicas de cada ser humano.

1.2 A CULTURA PODE SER A REDENÇÃO DO POVO

Na hipótese de contratar Administradores para o desenvolvimento da cultura, com perspectivas de desenvolvimento humano, social e consequentemente econômico, os governos, seja na esfera municipal, estadual ou nacional, estarão incentivando a promoção de justiça social por parte dos Administradores, podendo atrair para o concurso das vagas, Administradores conscientes de que, na proporção que constrói o senso crítico, a cultura pode ser a redenção do povo de um país como o Brasil.

Este processo poderá diminuir o desequilíbrio entre o desenvolvimento da cultura orientada pelo mercado, que tem o lucro como mola propulsora; e a cultura baseada em manifestações artísticas comprometidas com a ética, com a fraternidade, com a solidariedade, com o meio ambiente e com outros valores essenciais para a boa qualidade de vida. Cabe ao Administrador o papel de contribuir não somente para o desenvolvimento da economia, que por si só já é uma ciência social, mas também com o desenvolvimento da essência do ser humano que, quando embriagado pelas práticas do consumismo sem o correspondente poder aquisitivo, se amarga de infelicidade, se perde por falta de autoestima, ou até cai na criminalidade. Muitas pessoas, quando alcançam as condições de consumidores, têm o consumo desenfreado de supérfluos como um meio de mascarar suas carências, sem levar em conta a destruição da natureza, inclusive humilhando seus semelhantes através da ostentação.

2 FINANCIAMENTO DA CULTURA BAIANA CARECE DE ADMINISTRADORES

 

A variedade de organizações que disponibilizam recursos para o financiamento da cultura, a variedade das condições e dos meios de captação de recursos, por si só já demonstram que a elaboração de um projeto cultural deve ser orientada por um Administrador profissional especialmente treinado para o setor cultural.

Conforme pode ser visto no manual “FUNCEB – Orientações para Elaboração de Projetos Culturais”, produzido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), p. 7 a 14 (ANEXO A), a diversidade de datas dos editais que contemplam a produção cultural, a diversidade dos mecanismos de financiamento dentro de cada uma das fontes, de setores da arte que podem ser contemplados e das fases de cada produto, quando é o caso de divisão de um produto cultural em fases, são indícios de que a primeira dificuldade para a elaboração de um projeto já se encontra no labirinto situado entre uma proposta artística e seu enquadramento nas possibilidades de financiamento.

2.1 ELABORAÇÃO DE PROJETOS REQUER MUITO TREINAMENTO

Depois de conseguir enquadrar a sua idéia em uma das possibilidades de financiamento cultural, o grupo cultural ou o indivíduo que se candidata a um financiamento público, sem prática na área de elaboração e acompanhamento de projetos, encontra ainda mais dificuldades para interpretar os editais e seus complexos complementos, como leis, normas, tabelas, e formulários que exigem definições de conteúdos, objetivos, justificativas, metas, prazos, planejamento, custos de mão de obra, de materiais, de impostos, taxas e contribuições, orçamentos, contabilidade, movimentação bancária, movimento de caixa, prestações de contas, bem como outras atividades que formam um conjunto mais relacionado à administração do que à arte, conforme pode ser visto no edital “BNB – Edital do Programa BNB de Cultura 2011” (ANEXO B) e em seus complementos, aqui citado aleatoriamente como um exemplo da complexidade que envolve a apresentação de um projeto cultural.

3 GOVERNO DA BAHIA CONCENTRA EDITAIS EM DUAS ÉPOCAS DO ANO

O Governo do Estado da Bahia, por meio de sua Secretaria da Cultura, concentra os prazos de apresentação dos projetos que se candidatam aos editais da área de cultura em apenas duas épocas do ano – no final de cada semestre –, conforme pode ser visto na matéria “SECULT – Seleções Públicas – Editais 2010 – Editais com inscrições abertas” (ANEXO C).

4 FOCO DA SECRETARIA DA CULTURA É FORMAR ARTISTAS-PROJETISTAS

Servidores públicos lotados na capital do estado vêm sendo deslocados para capacitação de projetistas no interior do estado, dando ênfase para a capacitação dos próprios artistas. Apesar de ser muito bem treinado, o pessoal da capital tem poucas chances de reunir projetos das melhores e mais diversas formas de manifestação artística, já que a falta de vivência em cada comunidade e a curta permanência destes técnicos no interior (1 ou 2 dias, com todo o tempo ocupado pelo treinamento) não possibilita a catalogação ou uma pesquisa para captação dos projetos mais relevantes.

4.1 PRIORIZAR FORMAÇÃO DE ARTISTAS-PROJETISTAS NÃO ESTIMULA

O EXERCÍCO LEGAL DA PROFISSÃO DE ADMINISTRADOR

Embora não haja aqui a intenção de discutir juridicamente o exercício legal da profissão de Administrador, cabe lembrar que ao deixar de envolver Administradores no desenvolvimento de projetos culturais, o Governo do Estado não está contribuindo com o estímulo ao exercício legal da profissão de Administrador – que deve respeito ao Código de Ética Profissional. Além destas circunstâncias favoráveis à obtenção de bons serviços, o governo pode estar perdendo chances de ampliar a abrangência dos projetos e de melhorar seus resultados, já que a administração de um projeto é mais apropriada a Administradores que aos próprios artistas, conforme demonstrado no sub-item 2.1 deste artigo.

 

5 FALTA REMUNERAÇÃO E SOBRA DISCRIMINAÇÃO

O governo estadual não exclui os Administradores do processo de capacitação citado no item 4 supra, mas no ambiente de treinamento, como em outros eventos onde a cultura é o foco principal, os Administradores iniciantes na área tendem a ser vistos como “estranhos no ninho”, como se fossem pessoas apenas interessadas em ganhar dinheiro para uso pessoal, já que não são artistas, mas nem por isto deixam de ser ideologicamente comprometidos com os mais nobres e consequentes resultados de um projeto cultural.

Ao contrário dos iniciantes, não são tratados como “estranhos no ninho” os técnicos do governo e os poucos projetistas já experientes no processo de financiamento público da cultura.

5.1 FALTA DE REMUNERAÇÃO FIXA DIMINUI ALCANCE SOCIAL DOS PROJETOS

A falta de orientação técnica presencial e permanente do governo às propostas culturais durante o desenvolvimento dos projetos culturais abre este espaço de trabalho aos projetistas autônomos, mas estes profissionais, já com experiência na área cultural, tendem a estimular, a estabelecer parcerias e a prestar seus serviços não aos projetos socialmente melhores, mais abrangentes e mais consequentes, mas sim aos projetos mais viáveis economicamente, cujos proponentes, sendo indivíduos ou grupos consolidados, capitalizados, podem remunerar antecipadamente a assessoria técnica para elaboração, encaminhamento e acompanhamento do projeto que, além de ter menor risco de reprovação, ao ser aprovado pode gerar ainda maiores vantagens para o projetista.

Ao contrário dos projetistas veteranos, os Administradores profissionais que procuram ingressar na carreira de projetistas culturais autônomos, idealistas que buscam projetos socialmente melhores e mais consequentes, não têm como sobreviver na profissão de projetista cultural autônomo, porque além de não ter quem lhes mantenha durante a execução dos projetos, correm maior risco de terem seus projetos reprovados, já que têm pouca experiência, a concorrência é grande e qualquer divergência de interpretação de um edital como o do Banco do Nordete, citado no sub-item 2.1 deste artigo, desclassifica um projeto já na fase inicial de julgamento.

6 CONTRATAÇÃO PARA A CULTURA NÃO INCLUI ADMINISTRADORES

Em 15/06/2010, a Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB abriu processo de seleção pública para contratação de 89 profissionais da cultura, sendo 63 vagas para Salvador e região metropolitana e 26 vagas para o interior do Estado, especificamente para trabalhar nas cidades de Alagoinhas, Feira de Santana, Guanambi, Itabuna, Juazeiro, Mutuípe, Porto Seguro, Santo Amaro, Valença e Vitória da Conquista, conforme pode ser visto na matéria “FUNCEB abre editais para contratações através do REDA” (ANEXO D), publicada no site da FUNCEB.

A contratação de profissionais pelo Governo do Estado, através do Regime Especial de Direito Administrativo (REDA), conforme editais da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) linkados na matéria citada neste item 6, determina que o trabalho será temporário e com remuneração mensal.

Apesar da grande necessidade de orientação para elaboração, administração e acompanhamento de projetos culturais, os Administradores profissionais não foram contemplados pelos editais da FUNCEB publicados em 15/06/2010, quando foram contemplados outros importantes profissionais, como assistente de sonoplastia, assistente de iluminação, bilheteiro, cinegrafista, contra-regra, projecionista, coordenador de figurino, professor de dança, professor de orquestra, editor de vídeo e percussionista.

7 DESENVOLVIMENTO CULTURAL DEMANDA ADMINISTRADORES NAS BASES

Como vem sendo demonstrado ao longo deste artigo e especialmente no sub-item 5.1, no processo de financiamento público da cultura existe uma grande carência de pelo menos um Administrador em cada Território de Identidade[1] ou em cada Centro de Cultura Regional, para orientação dos artistas ou grupos artísticos potencialmente candidatos aos recursos públicos, não somente dos editais oriundos do Governo no Estado, mas de todas as fontes de financiamento da cultura. Poucos Administradores se lançam na aventura de elaborar um projeto, porque não há qualquer garantia de remuneração para a hipótese do projeto ser reprovado, e sendo o Administrador um profissional, ele não pode permanecer se dando ao luxo de um jogo com poucas possibilidades de resultado, já que os editais, figurativamente, podem ser comparados a uma loteria que custa muito trabalho e algum dinheiro, com pequenas possibilidades de premiação.

Esta situação pode ser revertida com a contratação de Administradores profissionais pelo Governo do Estado, opcionalmente pelo Regime Especial de Direito Administrativo (REDA), como ocorrem as contratações relacionadas no item 6 deste artigo, para que permaneçam trabalhando em expediente integral, “no campo”, com base nos Centros de Cultura próprios ou apoiados pelo Estado.

8 ADMINISTRADORES BEM TREINADOS PODEM MAXIMIZAR TODO O SISTEMA

Na hipótese de o Governo do Estado contratar Administradores profissionais, mesmo que seja para trabalho temporário, os Administradores devem ser bem treinados para conhecer e orientar todo o processo de desenvolvimento de projetos, obtenção e prestação de contas do financiamento da cultura, incluindo as leis de incentivo que envolvem a iniciativa privada, as oportunidades oferecidas por instituições como a Caixa Econômica Federal, o Banco do Nordeste e outras, como as relacionadas no manual “FUNCEB – Orientações para Elaboração de Projetos Culturais” p. 7 a 14, (ANEXO A), já citado no item 2 deste artigo.

9 PRIMEIRO CONTRATO AMPLIARIA PRÁTICA POR TEMPO INDETERMINADO

Uma vez treinados e incluídos no processo produtivo da cultura, mesmo que os Administradores não sejam recontratados pelo Estado para uma nova temporada é provável que eles continuem na atividade cultural, porque serão grandes detentores do conhecimento de todas as possibilidades passíveis de exploração e terão construído laços com a clientela cultural. Na hipótese de não serem recontratados pelo Estado, talvez os Administradores não continuem atuando tão democraticamente como na vigência do contrato, mas a maioria provavelmente continuará desenvolvendo papel relevante na área cultural.

10 DESCONCENTRAR PUBLICAÇÃO DE EDITAIS E ESTABELECER METAS

Para aproveitar melhor o trabalho dos Administradores que eventualmente sejam contratados pelo Estado, ao invés de concentrar as publicações dos editais em apenas duas épocas de cada ano, os órgãos do Governo do Estado devem publicar seus editais no decorrer de todo o ano; e os Administradores devem ter metas estabelecidas para apresentação de projetos orientados por eles.

11 ADMINISTRADORES DEVEM IR ALÉM DA ORIENTAÇÃO DE PROJETOS

Seguindo a linha de maximização dos resultados do trabalho dos Administradores culturais que o Governo do Estado porventura venha a contratar, o Governo poderá incluir entre as atividades dos Administradores, além das tarefas citadas no sub-item 2.1 deste artigo, tarefas como pesquisa permanente de todas as formas de manifestação e dos agentes culturais de cada cidade ou região, prospecção de propostas, triagem de projetos, catalogação de artistas e de propostas que possam ser efetivadas em curto, médio e longo prazo, criação de estratégias para estímulo à produção cultural em toda a cidade ou região, orientação aos artistas para elaboração de projetos em atendimento a todas as oportunidades de captação de recursos – dentro e fora do Governo do Estado – orientação para apresentação de propostas, administração do projeto, acompanhamento dos resultados, redação de releases com fotos para a imprensa, documentação fotográfica e textual das produções; e com tudo isto proporcionar diversificação de candidaturas, e liberdade para que os artistas exerçam suas funções específicas.

12 O POVO CARECE DE CULTURA PARA MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA

Os resultados de um bom desenvolvimento da atividade cultural em uma comunidade podem ser surpreendentes.

O estudo dos critérios para seleção e treinamento dos Administradores profissionais que podem vir a ser contratados pelo Governo do Estado deve levar em consideração os diferentes tecidos sociais de cada região, como a região de Porto Seguro, para onde acorreram pessoas de várias partes do Brasil e do mundo em um curto espaço de tempo, o que, se por um lado enriquece a potencialidade cultural, por outro lado a grande diversidade de origens leva as pessoas a se desinteressarem pela produção cultural, por iniciativas que contemplem a coletividade, e por laços de amizade independentes de interesses comerciais, especialmente em uma cidade onde praticamente todas as atividades de lazer são voltadas para o interesse econômico da área de turismo.

12.1 GRANDE IMIGRAÇÃO ATROPELA IDENTIDADES CULTURAIS

Principalmente nas duas últimas décadas do século 20, motivadas pelas perspectivas de bons resultados em empreendimentos turísticos, pelas perspectivas de emprego, ou por simples opção de mudança de vida, ou pela grande exposição de Porto Seguro na mídia em função da virada do século e da comemoração do aniversário de 500 anos do Brasil, pessoas de diversas localidades se mudaram para o município, formando um novo tecido social. Alguns destes imigrantes vieram de diversas partes do mundo, outros de diversos estados brasileiros, constituindo empreendimentos turísticos, e a maior parte, com ou sem qualificação para aproveitamento das oportunidades oferecidas pelo turismo, migrou da própria região Extremo Sul e da região Sul da Bahia, assolada pela crise do cacau/vassoura-de-bruxa.

Cabe salientar que estes imigrantes regionais foram atraídos também por facilidades oferecidas por políticos populistas em troca de votos, sem correspondente desenvolvimento da infraestrutura municipal, provocando um inchaço repentino nas periferias e nos manguezais que se tornaram favelas e que, aos poucos, vêm sendo melhoradas, mas que se encontram ainda muito longe de uma situação ideal.

O crescimento acentuado e a diversidade de origens, pelo menos na área cultural, ainda não apresentou resultados positivos para a população, já que os imigrantes não se integraram para o desenvolvimento da cultura tradicional nem adotaram manifestações culturais de grande envolvimento coletivo provenientes de outros municípios, estados ou países.

O município, que em 1980 tinha 46.300 habitantes, passou para 95.721 habitantes no ano 2000 e para 122.900 habitantes no ano 2009, segundo dados do Ministério da Saúde, sem correspondente desenvolvimento cultural para atendimento aos diversos extratos sociais, já que a prática de cultura e lazer no município é basicamente comercial, voltada quase exclusivamente para os turistas.

Provavelmente, o que inviabiliza produções culturais voltadas principalmente para a população de baixa renda é a desintegração social, já que um morador ou moradora de Porto Seguro, procedente de Camacã/BA, pode não se emocionar com uma manifestação oriunda de Itagimirim/BA, assim como uma família oriunda da região litorânea de Belmonte/BA pode não se emocionar com uma história de outra cidade que não seja a sua; ou ainda um paulista pode não se interessar por uma história de Porto Alegre; ou muitos dos diversos europeus podem não sentir a menor emoção diante de uma manifestação cultural relativa à tradição baiana ou vice-versa. E nesta sociedade plural, nesta Torre de Babel, nesta população cosmopolita, é que, por meio da cultura, há de ser encontrado o melhor caminho para o desenvolvimento e a democratização social.

13 ARTES COLETIVAS OU INDIVIDUAIS PODEM MOSTRAR OS CAMINHOS

Mesmo sem informações científicas sobre a composição dos cerca de 125 mil habitantes do município de Porto Seguro hoje, estima-se que seja muito pequeno o percentual da população que tenha laços com a história e as tradições locais, já que até mesmo os filhos dos habitantes que vieram de fora, principalmente os das classes mais altas, já nascidos em Porto Seguro, tendem a ter como referência a cultura dos locais de onde vieram seus pais, e não do local onde nasceram e vivem.

A falta do sentimento coletivo e do espírito comunitário, que podem ser estimulados por meio da cultura, provavelmente seja a causa da desagregação das classes sociais e consequentemente afetam toda a organização social do município, da segurança à educação, passando pelas deturpadas relações entre políticos demagogos e seus eleitores, pelos conflitos de interesses entre empreendedores e assalariados, pelo desemprego e pela falta de organizações sindicais fortes. Neste desequilíbrio de forças, a classe mais abastada cada vez mais concentra a renda, concentra seus cuidados sobre seus empreendimentos comerciais e suas residências, se omite diante das questões de interesse coletivo ou provavelmente faz acordos com o poder municipal – deixando as vias públicas e as questões coletivas unicamente entregues a executivos que se elegem em troca de favores pessoais.

Não há organizações populares que possam cobrar ou pressionar o cumprimento das funções dos políticos e nem manifestações culturais que possam promover a conscientização social, a integração popular, o lazer saudável, e colocar em evidência os valores essenciais de interesse da população como um todo.

13.1 CIRCUNSTÂNCIAS EXIGEM UM CHOQUE DE GESTÃO

Mobilizadores culturais ou promotores de eventos culturais em Porto Seguro já não se surpreendem quando realizam um evento voltado para a população local e não obtêm a participação desejada. O município é composto por cerca de 13 concentrações urbanas, sendo 4 delas mundialmente famosas: a sede do município e os distritos do Arraial d’Ajuda, de Trancoso e de Caraíva. Nestas localidades, em maior escala na sede do município, grandes eventos turísticos de lazer se tornaram rotineiros, mas os moradores locais que deles participam se restringem aos que estejam a serviço; a grande massa populacional não se envolve nem é envolvida nestes eventos.

Como exemplo da falta de envolvimento da população pode ser citada a Conferência Territorial de Cultura, realizada pela Secretaria da Cultura do Estado nos dias 22 e 23 de outubro de 2009. Neste evento, o número de participantes de Porto Seguro ficou muito aquém do número de cidades como Teixeira de Freitas, que tem praticamente a mesma população de Porto Seguro e dista mais de 200 km do local de realização do evento – que foi Porto Seguro – e aquém da participação de cidades até menores e mais distantes que Teixeira de Freitas.

Esta realidade exige um choque de gestão na administração da cultura. A contratação e o treinamento de Administradores profissionais pelo Governo do Estado para atuação na área cultural seria uma grande contribuição para o processo de desenvolvimento social.

13.2 DESENVOLVIMENTO CULTURAL DEVE ATINGIR AS GRANDES MASSAS

O choque de gestão na cultura deve passar pela ampliação dos geradores e dos beneficiários dos projetos culturais, privilegiando o envolvimento das grandes massas populacionais em relação a manifestações culturais como esculturas, quadros e instalações expostas em salões regionais de artes plásticas restritas à interpretação, a aquisição ou ao acesso de poucos privilegiados.

Em respeito às religiões, à liberdade de culto, à importância da fé para a humanidade, aos serviços prestados pelas igrejas na área social e espiritual, este artigo não questiona a cultura religiosa, mas propõe que, visando a ampliação do desenvolvimento social, o poder público e Administradores estabeleçam uma parceria que possa alcançar objetivos como a instalação de tantas organizações, Pontos de Cultura e Pontinhos de Cultura[2] quantas são as igrejas protestantes.

Este parâmetro é justificável se comparado o poder de atração de grande público pelas organizações culturais, Pontos e Pontinhos de Cultura e pelas igrejas, já que a maioria destas tem a música, a dança, a convivência, o orientação filosófica, o aconselhamento, o conforto espiritual e a fé como molas propulsoras e ao mesmo tempo como limite para o desenvolvimento intelectual, à medida que converge todas estas virtudes para a crença religiosa de seus seguidores.

Em um raio de 400 metros do final da Avenida Navegantes, em Porto Seguro/BA, não há sequer um grupo cultural representado por uma Associação, Cooperativa, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), Ponto ou Pontinho de Cultura; mas neste mesmo raio de 400 metros existem pelo menos 16 igrejas protestantes abertas ao público, em pleno funcionamento. O centro da circunferência imaginária (final da Avenida Navegantes) onde estão localizadas as referidas igrejas foi escolhido aleatoriamente para este estudo. Existem outros locais, principalmente nos bairros mais carentes, onde a discrepância cultura x religião é ainda maior.

Estão relacionados abaixo os nomes das igrejas protestantes, de acordo com o letreiro de suas respectivas fachadas, e seus endereços:

NOME

ENDEREÇO

01 Igreja Adventista do Sétimo Dia Rua Adelar Maria de Andrade.
02 Igreja Missionária Unida do Brasil Final da Rua Rio Branco.
03 Igreja Poder da Glória de Deus Rua Brasília, 01.
04 Igreja Assembléia de Deus Final da Rua Manaus.
05 Igreja do Evangelho Quadrangular Rua Manaus, 50.
06 Igreja Pentecostal Evangélica Ressurreição de Jesus Cristo Rua Fortaleza, 27.
07 Igreja de Deus Reaviv Pentecostal em Célula Rua José Borges de Sousa, 112.
08 Assembléia de Deus Rua José Borges de Sousa, 01.
09 Ministério Internacional Videira – Uma igreja em células no modelo dos 12 Av. Navegantes, 1640.
10 Assembleia de Deus Nova Vida Rua Nossa Senhora do Brasil, 51.
11 Salão do Reino das Testemunhas de Jeová Av. Navegantes, 1530.
12 Igreja Batista Calvário Av. Navegantes, 1415.
13 Igreja Batista Fonte d’Água Viva Rua Tomé de Sousa, 201.
14 Ministério Pentecostal Águias Imperiais Rua Tiradentes, 130.
15 Igreja Batista Fonte de Vida Rua Manoel Dias da Silva, 348.
16 Igreja Cristã Maranata Rua Manoel Dias da Silva, 430.

Quadro 1: Igrejas protestantes situadas em um raio de 400 m do final da Avenida Navegantes, em Porto Seguro/BA, todas em pleno funcionamento.

A afirmação de que não há qualquer organização cultural na área avaliada não leva em conta as atividades culturais praticadas pelas escolas de ensino fundamental e médio, pois estas são restritas à comunidade escolar e o objetivo deste artigo é a população em geral, que luta pelo direito à felicidade e contra o tédio gerado pela falta de alternativas para melhor aproveitamento de seu tempo ocioso.

A criação de organizações culturais, Pontos e Pontinhos de Cultura é necessária e desejável para beneficiar pessoas de qualquer faixa etária, eclesiásticas ou laicas, sem qualquer discriminação, em número ainda maior que o das igrejas protestantes, porém, sem o condicionamento religioso.

13.3 ASSOCIAÇÃO DE INICIATIVAS CULTURAIS PODE SER UM CAMINHO

Assim como as igrejas protestantes têm seus mecanismos para atração de seus seguidores, os Administradores devem buscar mecanismos que envolvam e atraiam maior público. É possível, por exemplo, que um museu venha a compor um conjunto de atividades culturais que o leve a ser mais visitado, assim como uma igreja associa um conjunto de atrações como conforto para as almas dos desesperados, alimento para o espírito, convivência social sem os custos do consumismo, geração espontânea de afinidades, fraternidade e solidariedade, e outras práticas acessíveis por todo o povo.

Em maio de 2010 a Secretaria da Cultura da Bahia lançou uma cartilha para institucionalização de grupos culturais, contemplando Associações, Cooperativas e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). A eficácia desta proposta, assim como a eficácia dos editais relativos aos Pontos e Pontinhos de Cultura exigem a contratação de Administradores pelo Estado, para que possam facilitar o processo, já que um Administrador, como qualquer outro profissional, precisa ser remunerado e a cultura popular incipiente, especialmente quando não tem por objetivo criar ambientes favoráveis ao consumismo, não tem o poder de atrair investimentos do modelo capitalista.

Este mesmo caminho deve ser seguido para a busca do equilíbrio entre as mídias socialista e capitalista, mas isto já é assunto para outro artigo que demanda imensamente o trabalho dos Administradores que buscam uma sociedade mais justa por meio do planejamento de interesse social. A vertente humanitária da administração pode e deve ser incentivada pelo poder público.

CONCLUSÃO

O pequeno interesse de grande parte da população de cidades como Porto Seguro para as questões culturais pode ser explicado tanto pelo rápido e desordenado crescimento populacional, pela desagregação da população residente, procedente de várias localidades, quanto pela abundância dos eventos turísticos que se tornaram rotineiros e sem qualquer relação com a comunidade em geral, servindo unicamente aos setores sociais diretamente envolvidos e beneficiados financeiramente pelo turismo.

Sem estímulos para a integração por meio da cultura, boa parte da população, principalmente do interior dos estados da federação, tem poucas oportunidades para exercitar a inteligência, a criatividade e a convivência nos momentos de lazer e ócio, quando se consume praticamente todo o tempo disponível apenas diante da TV aberta, limitada a uma cultura padronizada que afeta os diferenciais, a originalidade e a autoestima do povo.

Em Porto Seguro, cidade privilegiada por um belo litoral, boa parte da população pobre nem sequer freqüenta as praias, porque apesar delas serem abertas ao público, a frequência exige autoestima, logística, e dinheiro para o consumo nas barracas de serviços, todas extremamente comerciais, voltadas para os turistas ou para moradores de alto poder aquisitivo.

A maioria da população de baixo ou nenhum poder aquisitivo encontra entusiasmo é em igrejas protestantes. Muitas destas igrejas, em plena expansão, exercem, entre outras, as funções de instituições de psicoterapia coletiva, de sociabilização, de ensino musical evangélico para a trilha sonora de seus cultos, de acomodação social, de resistência ao consumismo induzido pela quase implacável mídia televisiva, de resistência a ameaça representada pelas drogas em geral, principalmente o álcool e o crack; mas elas pouco contribuem para o amplo desenvolvimento intelectual de seus seguidores, já que são restritas às questões religiosas.

Neste quadro, o poder público está perdendo a oportunidade de contar com a parceria de Administradores profissionais para ampliar as opções culturais em atendimento à demanda do público mais criativo e inovador, que tem sede de desenvolvimento e potencial para mudar toda a sociedade para melhor, por meio da produção de eventos que envolvam o maior número possível de pessoas, abertos a todas as correntes de pensamento, que promovam a integração, o desenvolvimento intelectual, o lazer; e os Administradores não podem negar sua contribuição para que o desenvolvimento do povo por meio da cultura seja uma realidade.

LA INFLUENCIA DEL ADMINISTRADOR EN LA HISTORIA RECIENTE DE BRASIL

RESUMEN

Los Administradores, que ya tienen gran influencia en la economia del país, podrán, a través de la cultura, pasar a tener mayor influencia en toda la historia, especialmente en Bahia. El Gobierno del Estado ha estado luchando para interiorizar y para democratizar el acceso a la producción cultural, pero muchas oportunidades se pierden en el amplio proceso, ya que la Secretaria da Cultura (SECULT) prioriza la formación de los propios artistas para la elaboración y desarrollo de proyectos culturales solicitantes de los fondos públicos, y los avisos oficiales no requieren la participación de los Administradores en el proceso, dejando a los artistas las responsabilidades de los trámites pertinentes a la administración. Por otra parte, en el caso de llegar a estimular el ejercicio legal de la profesión al contratar a gerentes profesionales, opcionalmente por el Régimen Especial de Derecho Administrativo (REDA), el Gobierno, la cultura y por lo tanto la población obtendrán mejores resultados, ya que un Administrador experimentado podrá catalogar y estimular la producción de su ciudad o región, guiar a los artistas en la administración, desarrollo, vigilancia y rendición de cuentas de los proyectos; diversificar las solicitudes de financiación pública y dejar los artistas libres para el ejercicio de sus funciones específicas.

Palabras claves: Proyectos Culturales. Elaboración. Administración.

REFERÊNCIAS

BNB. Edital do Programa BNB de Cultura – Edição 2011 – Parceria BNDES. Fortaleza/CE. 2010. 14 p. Edital com link para formulários complementares. Disponível em: <http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Eventos/Programabnb_decultura/gerados/downloads.asp>. Acesso em: 05 jul. 2010.

FUNCEB. FUNCEB abre editais para contratações através do REDA. Salvador/BA. 2010. 1 p. Matéria com link para Editais. Disponível em: <http://www.cultura.ba.gov.br/conteudo/apoioaprojetos/selecoespublicas/2010-editais-com-inscricoes-abertas/>. Acesso em: 30 jun. 2010.

FUNCEB. 5º Workshop de Elaboração de Projetos Culturais. Orientações para Elaboração de Projetos Culturais. Salvador/BA. 2010. 28 p. Disponível em: <http://www.fundacaocultural.ba.gov.br/projetos/manual_de_elaboracao_de_projetos-2010-v1.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2010.

MINISTÉRIO da Saúde. Informações de Saúde – População Residente – Bahia – DATASUS. 2010. Dados disponíveis em <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popba.def>. Acesso em 06 jul. 2010.

SECULT. Seleções públicas – Editais 2010 – Editais com inscrições abertas. Salvador/BA. 2010. 5 p. Matéria disponível em: <http://www.cultura.ba.gov.br/conteudo/apoioaprojetos/selecoespublicas/2010-editais-com-inscricoes-abertas/>. Acesso em: 30 jun. 2010.

Lista de ANEXOS:

ANEXO A – Orientações para Elaboração de Projetos Culturais.pdf

ANEXO B – Edital do Programa BNB Cultura 2011.pdf

ANEXO C – Concentração de editais nos finais de semestre.doc

ANEXO D – FUNCEB abre editais para contratações através do REDA.doc

Autor:

José Edson de Vasconcelos – joseedsondois@hotmail.com (73) 9141-0092

Julho de 2010.


[1] Território de Identidade é o nome dado pelo Governo da Bahia a cada região administrativa do Estado, levando-se em consideração o sentimento de pertencimento da população e as características regionais.

[2] Pontos de Cultura ou Pontinhos de Cultura são espaços de cultura incentivados pelo Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura, estadualizado pelo Governo da Bahia.

O Ciúme

Caetano Veloso

Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia.
Tudo esbarra embriagado de seu lume.
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia.
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme.

O ciúme lançou sua flecha preta
e se viu ferido justo na garganta.
Quem nem alegre nem triste nem poeta,
entre Petrolina e Juazeiro canta.

Velho Chico, vens de Minas,
de onde o oculto do mistério se escondeu.
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas.
E eu sou só, eu só eu só, eu.

Juazeiro, nem te lembras dessa tarde.
Petrolina, nem chegaste a perceber.
Mas na voz que canta tudo ainda arde.
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê?

Tanta gente canta, tanta gente cala.
Tantas almas esticadas no curtume!
Sobre toda estrada, sobre toda sala,
paira, monstruosa, a sombra do ciúme.